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Vendas do comércio crescem 0,5% em abril, diz IBGE

As vendas do comércio varejista brasileiro registraram crescimento de 0,5% em abril na comparação com o mês anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio após recuo em março de 0,9%. Em relação a abril de 2015, o volume de vendas do varejo recuou 6,7%, 13ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação e o pior da série, iniciada em 2000, segundo Isabella Nunes, gerente de serviços e comércio do IBGE.

Nos quatro primeiros meses, o varejo acumulou queda de 6,9%. Já o acumulado nos últimos 12 meses, com recuo de 6,1%, manteve a trajetória descendente iniciada em julho de 2014.

“Esse primeiro quadrimestre é a queda mais acentuada para quadrimestres ao longo da série inteira, diz Isabella.

A gerente do IBGE ressaltou que, apesar do crescimento de um mês para o outro, “esse 0,5% não é suficiente para trazer os indicadores do varejo para uma situação mais consistente”.

“Embora tenha esse resultado positivo na margem, comparando a passagem do primeiro quadrimestre com o anterior, a gente observa uma ampliação no ritmo de queda”, diz.

A gerente explicou que as principais influências são o “enfraquecimento do mercado de trabalho, restrição do crédito e a elevação da taxa de juros e de preços que vem se mantendo principalmente para hipermercados e combustíveis acima da inflação”.

“O mês de abril não tira o comércio varejista da trajetória de queda. Isso porque o quadro conjuntural é muito parecido entre março e abril, mas um pouco diferente de 2015 para cá. Em abril de 2015, o desemprego já estava ocorrendo, mas em abril de 2016 esse quadro se intensifica. Há um maior número de pessoas desempregadas e sem carteira. Isso faz com que as famílias resistam a sair do seu orçamento, a pegar empréstimos e se manter em cima do seu orçamento”.

“A receita dos supermercados está menor, mas isso não significa que as pessoas não estão comendo, mas estão substituindo por produtos com preços mais baratos, o que afeta a receita dos supermercados. As pessoas estão fazendo ajustes em cima de uma situação mais crítica de consumo. Isso mostra que as vendas estão mais baixas do que em 2015”, afirma.

Principais impactos
De março para abril, o resultado positivo foi influenciado, principalmente, por hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,4% em março para 1% em abril); outros artigos de uso pessoal e doméstico (de -1,9% para 2,8%); tecidos, vestuário e calçados (de -4,7% para 3,7%). As vendas no setor de combustíveis e lubrificantes (de -1,2% para 0%) ficaram estáveis frente a março.

Tiveram desempenho negativo equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,9%); livros, jornais, revistas e papelaria (-3,4%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,9%); e móveis e eletrodomésticos (-1,8%).

Em comparação com o mesmo mês do ano anterior, os maiores impactos foram as vendas no setor de hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que recuaram 4,4%; combustíveis e lubrificantes, que caíram 10,8%; outros artigos de uso pessoal e doméstico (lojas de departamentos, e-commerce, artigos do lar), com recuo de 10,4%; e móveis e eletrodomésticos, com queda de 10,1%.

O setor de hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo tem o maior peso sobre o varejo, de 50%.

“Esse resultado guarda relação próxima com o movimento feito por hipermercados que compensa resultado negativo de março, outros artigos pessoais e tecidos. São as três atividades que mostram que contribuíram positivamente nesse resultado, embora combustível tenha ficado estável em abril após queda”, analisou a gerente de comércio e serviços do IBGE.

Isabella ressaltou o predomínio das taxas negativas para todas as atividades que compõem o varejo. “Cabe destacar o resultado negativo da farmacêutica, lembrando que teve reajuste permitido pelo governo acima da inflação na passagem de março para abril, que acabou trazendo impacto para farmacêutico”.

Páscoa
A gerente explicou ainda que, apesar de abril em 2015 e 2016 ter o mesmo número de dias úteis (20), a Páscoa, que é um feriado móvel, no ano anterior impactou negativamente o setor de hipermercados neste ano, trazendo impacto no resultado geral. “Tem impacto direto nessas atividades por conta do almoço e ovos de Páscoa”, explica.

Análise por estados
O comércio teve alta em 17 das 27 unidades da Federação em abril sobre março, com destaque para Sergipe (6,3%), Amapá (3,5%) e Paraná (2,9%). Minas Gerais ficou estável, enquanto Rondônia (-3,7%), Bahia (-1,8%) e Amazonas (-1,6%) registraram as maiores retrações.

Na comparação anual, houve redução nas 26 das 27 unidades da Federação, com destaque para Amapá (-15,1%), Rondônia (-14,7%), Amazonas (-14,3%), Distrito Federal (-13,8%) e Bahia (13,1%).

Receita
A receita nominal subiu 1,2% sobre março e 5,2% em relação a abril de 2015. No ano, acumulada alta de 4,8% e, em 12 meses, de 3,2%.

Comércio ampliado
O comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as vendas de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, registrou queda de 9,1% na comparação anual, pior resultado para o mês de abril de toda a série.

Entre março e abril, a queda foi de 1,4%, influenciado negativamente pelo desempenho de veículos e motos, partes e peças, com recuo de 6,6%, e material de construção, com decréscimo de 4%.

Todas as 27 unidades da Federação apresentaram variações negativas na comparação com o mesmo período do ano anterior, destacando-se em termos de influência no resultado global: São Paulo (-4,8%) e Minas Gerais (-13%), seguidos por Rio de Janeiro (-8,7%) e Rio Grande do Sul (-15,1%).

A Pesquisa Mensal de Comércio visita 5.700 empresas em 27 unidades da Federação.

Fonte: G1