A ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores) divulgou no dia 25 de abril, os resultados do Ranking ABAD/Nielsen 2016 – ano base 2015, pesquisa realizada anualmente pela entidade que oferece ao mercado o mais abrangente panorama do segmento atacadista distribuidor nacional, com dados relevantes para todas as empresas que compõem a cadeia de abastecimento no país. Os dados foram apresentados durante jantar promovido na Fecomércio SP, reunindo representantes do setor atacadista distribuidor, além de presidentes e diretores de suas 27 filiadas – entre elas o Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidores do Paraná (Sinca PR).
De acordo com os resultados da pesquisa do Ranking, em 2015 o setor atacadista e distribuidor cresceu 3,1% em termos nominais e apresentou queda de -6,8% em termos reais. O faturamento anual foi de R$ 218,4 bilhões, garantindo ao setor uma fatia de 50,6% do mercado mercearil nacional. É o 11º ano em que essa participação de mercado supera os 50%, atestando a importância da atuação do chamado Canal Indireto da indústria, que atende a todos os estabelecimentos varejistas que não têm volume de pedidos para adquirir produtos diretamente do fabricante.
O mercado mercearil compreende produtos de uso comum das famílias, como alimentos, bebidas, limpeza, higiene e cuidados pessoais, entre outros. Os números do Ranking são apurados a partir de dados fornecidos voluntariamente por empresas do setor associadas à ABAD e analisados pela consultoria Nielsen, em parceria com a FIA (Fundação Instituto de Administração).
O Ranking ABAD/Nielsen 2016 – ano base 2015 contou com a participação de 544 atacadistas e distribuidores de todo o Brasil, sendo 32 paranaenses. Essas empresas representam aproximadamente 42% do mercado atacadista distribuidor brasileiro, em faturamento.
CENÁRIO ECONÔMICO
Questões como inflação, desemprego e insegurança quanto ao cenário político-econômico vêm provocando sensível retração do consumidor, que resultou em 4% de queda no consumo das famílias no ano passado, com 6% de queda na renda média real e expressivo aumento da inadimplência, segundo dados do IBGE e da Nielsen.
Dessa forma, as empresas precisaram aprender a lidar com um consumidor muito mais seletivo e preocupado em buscar preço mais baixo, ofertas e embalagens econômicas e marcas alternativas. Tudo isso teve impacto no segmento atacadista distribuidor, já que voltaram as grandes compras mensais de abastecimento, em detrimento das várias pequenas compras semanais de reposição feitas no varejo de vizinhança, principal cliente dos agentes de distribuição.
Dentre os varejos atendidos pelo setor, os supermercados médios foram os que apresentaram melhor desempenho. Já os pequenos varejos de vizinhança, embora continuem a cumprir um papel importante nas compras de reposição ou de conveniência, apresentaram crescimento reduzido ou queda, justificando retração de 1,1 ponto percentual na participação do setor dentro do mercado mercearil nacional.
Dessa forma, o foco dos agentes de distribuição passa a ser o ganho de produtividade por meio de ações voltadas para dentro da empresa, para aspectos de gestão e treinamento/capacitação dos colaboradores. Além disso, é hora de rever a sua relação com o varejista, oferecendo serviços diferenciados, e com a indústria, de modo a extrair ganhos a partir de um melhor relacionamento, planejamento mais cuidadoso, melhores estratégias de vendas e inovações voltadas ao cliente final.
Para o presidente da ABAD, José do Egito Frota Lopes Filho, apesar da situação momentaneamente difícil, esse movimento de ajuste é positivo: “A necessidade impele o empresário a pôr a casa em ordem e prepara o negócio para um novo salto de crescimento sustentado, assim que a economia mostrar alguma recuperação. A dificuldade, enfrentada com criatividade, no futuro irá beneficiar o setor”.
ATACADO DE AUTOSSERVIÇO
No cenário presente, o maior beneficiado é o modelo Atacado de Autosserviço, que cresceu 12% entre 2014 e 2015 em termos nominais, com a abertura de quase 50 novas lojas que atendem, além dos varejistas, o consumidor final. Apesar do crescimento expressivo, o número de Atacados de Autosserviço (em torno de 500) é reduzido em relação ao setor como um todo, estimado em mais de 5.000 empresas de diversos portes (3.000 delas são associadas à ABAD).
Este modelo de negócio ainda está crescendo, mas é preciso lembrar que mesmo no Atacado de Autosserviço o consumidor segue racionalizando as compras, escolhendo marcas mais em conta e substituindo ou mesmo cortando itens, dando preferência aos produtos mais básicos. Do ponto de vista do cliente varejista, o grande atrativo é também o preço, já que esse modelo não costuma investir em serviços.
CRESCIMENTO REGIONALIZADO
Em número de respondentes, o destaque é a participação do Nordeste, com 193 empresas (36% do total). Já em termos de faturamento, verificamos que o Sudeste corresponde a 39% do setor, seguido em importância pelo Nordeste (29%), pelo Sul (16%), pelo Centro-Oeste (9%) e pelo Norte do país (7%).
Os números consolidam a importância da região Sudeste, que concentra a maior parte do PIB nacional; contudo, no Ranking deste ano, a região foi a única que cresceu abaixo da média nacional observada entre as empresas participantes do estudo, que foi de 5,7% nominais (contra 3,1% do setor como um todo).
Por região, em termos nominais, as empresas respondentes cresceram, em média, 6,3% no Nordeste; 6,8% no Sul; 7,9% no Centro-Oeste, 9,8% no Norte e 3,7% no Sudeste.
Por porte de empresa, também no universo dos respondentes, foram os pequenos atacadistas e distribuidores que apresentaram os melhores resultados nas regiões Norte (crescimento de 11,2%), Centro-Oeste (12,3%) e Sudeste (9,8%). Em média, no Brasil, o crescimento dessas empresas com faturamento anual entre R$ 400 mil e R$ 163 milhões foi de 7,6%.
As empresas de porte médio com faturamento entre R$ 166 milhões e R$ 1,4 bilhões também se destacaram em crescimento na média do país (7,9%), chegando a 8,1% na região Norte.
Os dados apontam a consolidação de uma tendência de interiorização do crescimento. Na região Norte, o mercado está longe da saturação e ainda oferece boas oportunidades. O Centro-Oeste, conta com o sucesso do agronegócio, que consegue preservar melhor a economia local e o poder de compra das famílias. Além disso, a região inclui o Distrito Federal, com a maior renda per capita do país.
No Nordeste e no Sul, o crescimento reflete a presença de atacados de grande porte, e o desempenho foi bem superior ao da região Sudeste. Embora forte em números absolutos, o Sudeste apresenta um mercado mais maduro e concorrência mais acirrada, sem tanto espaço para o crescimento das empresas. Mas, como já mencionado, os agentes de distribuição de pequeno porte ainda encontram terreno fértil nessa região, pois têm a vantagem de ser ágeis e conhecer mais de perto os seus clientes.
PARTICIPAÇÃO
Entre os respondentes do Ranking, 43,3% atuam no modelo “Distribuidor”; 31,9%, no modelo “Atacado com Entrega”; 19,3%, no modelo “Atacado de Autosserviço; 4,1%, no modelo “Atacado de Balcão”; 1,4%, no modelo Operador de Vendas”.
Já as linhas de produtos mais relevantes para o negócio são alimentos industrializados, higiene pessoal e limpeza doméstica, para os distribuidores; alimentos industrializados, higiene pessoal e produto para a saúde, no caso do atacado com entrega; alimentos industrializados, bebidas e higiene pessoal, no atacado de autosserviço; e perecíveis frescos, alimentos industrializados e bebidas, no atacado de balcão.
EXPECTATIVAS E INVESTIMENTOS
As expectativas de crescimento em ter
mos de faturamento, volume de vendas e base clientes tiveram pequena redução em relação ao ano passado, mas ainda seguem bastante altas, com mais de 60% dos respondentes acreditando em crescimento. Já a expectativa em relação à rentabilidade permanece positiva para cerca de 52% dos empresários.
Realizando-se a comparação entre as mesmas empresas respondentes nos dois últimos anos, verifica-se também que os gestores pretendem apenas manter a maioria os investimentos, sem ampliá-los. Mas em dois segmentos a intenção de ampliar investimentos supera 50% dos respondentes: tecnologia da gestão (55,4%) e sistemas de informação (51,4%).
Fonte: ABAD com Assessoria