O varejo voltou a se descolar do comportamento da indústria e revelou, no último trimestre, uma clara recuperação de vendas. Falta dezembro, mas no acumulado de outubro e novembro, na comparação com o terceiro trimestre, as vendas do segmento ampliado (inclui automóveis e material de construção) encerraram com crescimento de 3%. Na mesma comparação, a produção da indústria de transformação recuou 1%.
Esse descolamento difere do comportamento que varejo e indústria tiveram nos primeiros meses do ano. No acumulado do ano, ambos caem, mas o recuo da produção (oferta) voltou a ficar muito maior que o do comércio (consumo). Entre outubro de 2013 e abril deste ano, o varejo andou sempre 1,5 ponto à frente da indústria, seja porque as vendas eram maiores, seja porque a queda era menor. Desde maio, a diferença voltou a crescer até atingir 2,9 pontos em novembro.
Essa diferença “combina” com as informações da Sondagem Industrial da FGV, que indicou queda de estoque na indústria. E também sugere que o aumento de renda nesse período foi usado para o consumo. Segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego, a massa salarial do período outubro/novembro foi 4,5% superior à do terceiro trimestre. Esse aumento exclui o décimo terceiro salário, segundo a metodologia do IBGE.
As pesquisas feitas com consumidores pela Confederação Nacional do Comércio e pela Fecomercio-SP mostraram que as pessoas estavam menos endividadas no fim de 2014 do que estavam no fim de 2013. Os dados preliminares de vendas do varejo sugerem que o Natal foi mais fraco e que esse desempenho de outubro e novembro do varejo foi um movimento de antecipação de compras.
Faz sentido. De qualquer forma, os sinais até novembro são de que o varejo teve um fim de ano melhor que o da indústria, o que mantém aberta a possibilidade de que o começo do ano não seja um desastre para a atividade econômica.
Fonte: Valor online