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Recuperação ainda não é robusta, mas sinais são favoráveis

A recente revisão das projeções de PIB para o Brasil neste ano e no próximo tem sido sustentada principalmente pela melhora dos dados da indústria de transformação, cuja recuperação levou a indústria geral medida pela PIM­PF a apresentar, neste segundo trimestre, o primeiro crescimento positivo expressivo (1,2%) desde junho de 2013 na série com ajuste sazonal, ratificando também as expectativas do mercado pelo segundo mês consecutivo. Houve estabilidade (0,03%) no primeiro trimestre de 2014.

Os números, apesar de insuficientes para dar impulso às projeções de crescimento do PIB nesse período, consolidando a expectativa que a economia brasileira registrou mais uma retração na passagem do primeiro para o segundo trimestre (­0,5%), apontaram um desempenho muito positivo da produção de bens de capital, cujo crescimento atingiu 6,6% no trimestre encerrado em junho.

O maior otimismo com a recuperação do setor industrial se deve principalmente aos impactos favoráveis sobre a balança comercial de manufaturados ­ seja pelo crescimento das exportações, seja pela substituição de importações ­, da expressiva depreciação cambial ocorrida ao longo do ano passado, mas não somente a ela.

A retomada da confiança do setor industrial também parece ter um papel preponderante nesse processo, incentivando a produção de bens de investimento. De qualquer maneira, o indicador de difusão, que se encontra em aceleração gradual desde o final do ano passado, registrou um pico de 75% no mês de junho, indicando que a atividade industrial encerrou o trimestre em patamar aquecido.

Mas esses números sem dúvida mais favoráveis merecem também ser qualificados. Segundo as cinco grandes categorias de uso classificadas pelo IBGE (bens de capital, bens intermediários, bens de consumo duráveis e bens de consumo semiduráveis e não duráveis), apesar da inflexão importante da produção de bens de capital, o seu declínio em termos interanuais ainda permanece profundo, na ordem de ­20% no acumulado de 2016, magnitude próxima à registrada pelos
bens duráveis.

Fonte: Valor Online