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Queda de salário real chega com força à indústria

Não é novidade que a indústria tem sido a ponta mais dramática da retração da economia. Os dados da produção no setor têm batido recordes negativos e agora chegaram de forma mais contundente aos salários do chão de fábrica.

A Pesquisa Industrial Mensal ­ Emprego e Salários (Pimes), divulgada pelo IBGE, mostra que, pela primeira vez em 11 anos, o salário médio real pago ao trabalhador está menor no acumulado em 12 meses. O emprego já estava em queda desde 2012, e isso foi gradualmente desacelerando o gasto com a folha de salários. Primeiro, a remuneração começou a subir menos. Depois de altas anuais de 6,4%, 3,3%, 4,4% e 1,3% entre 2010 e 2013, essa despesa encerrou negativa (­1,1%) no ano passado, queda que agora já está em 5,1% no acumulado em 12 meses até agosto.

Mas o desemprego continua sendo um problema e surpreendendo negativamente. “Chama a atenção a proximidade da queda do emprego com a da produção industrial. Isso é raro, porque é caro demitir, então a retração da produção costuma ser mais acentuada do que a do emprego”, diz Rafael Fagundes Acagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). De janeiro a agosto, o emprego no setor caiu 5,6% e a produção, 6,9%. “É uma diferença pequena”, diz Acagnin.

Na comparação com agosto de 2014, o número de vagas diminuiu 6,9%, queda mais forte da série histórica iniciada em 2001. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por sua vez, estima que, em 2015, 250 mil pessoas serão demitidas, o que representa 10% da força de trabalho da indústria paulista.

Fonte: Valor Online