O efeito da nova elevação da taxa Selic, que agora atinge 12,75%, é apenas um: a continuidade de um processo que segue penalizando de forma inclemente o cidadão e o setor produtivo, o qual, até o momento, arca praticamente sozinho com a responsabilidade de fazer o país voltar a investir, produzir e crescer.
A visão do BC de que o aperto é indispensável ao equilíbrio da economia vai, infelizmente, continuar a garrotear as empresas e reduzir o consumo e os investimentos, gerando consequências nefastas para o emprego e para o crescimento.
Com a alta absurda dos preços de energia, principalmente, e também de combustíveis, empresas e famílias já ficam naturalmente impedidas de maiores gastos, já que essas despesas são obrigatórias e vão consumir parte significativa da renda – ou do capital disponível. Aumentar juros, nesse cenário, é inócuo e só piora a vida das pessoas e empresas, aumentando endividamento e inadimplência sem correspondente aumento de consumo.
Vivemos um clima tenso como há muito tempo não se via. O país foi apanhado numa armadilha formada por ingredientes econômicos e políticos, sendo que estes últimos vêm se agravando nos últimos dias. Está cada vez mais difícil dissociar esses dois aspectos.
Por isso, qualquer alteração da taxa básica deve levar em conta que os fatores que pressionam a inflação, o dólar e o câmbio, além do cumprimento do superávit primário e do crescimento real do PIB, têm a crise política no horizonte e que, por consequência, medidas de aperto econômico podem não surtir o efeito esperado na escalada de preços.
José do Egito Frota Lopes Filho
Presidente da ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados