Pressionada pelo aumento dos preços dos combustíveis e da alimentação, a inflação oficial brasileira, medida pelo IPCA, acelerou em outubro e chegou a 9,93% no acumulado dos últimos 12 meses segundo dados divulgados nesta sexta-feira (6) pelo IBGE. É a maior alta para o período desde 2003 (11,02%), quando, afetado pela incerteza do primeiro governo Lula, o índice acumulou pela última vez uma taxa de dois dígitos.
Em outubro, o IPCA foi de 0,82%, acelerando em comparação a setembro deste ano (0,54%) e do mesmo mês do ano passado (0,42%). O índice passou a acumular assim um avanço de 8,52% no ano, bem acima do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central, de 6,5% neste ano -o centro é de 4,5%.
Em Curitiba, a inflação de outubro foi de 0,64%, abaixo da média nacional. No acumulado em 12 meses, no entanto, a capital continua com o índice de preços mais altos do país, de 11,52%, diferença explicada pelo reajuste da energia elétrica e o aumento do ICMS feito pelo governo do estado no começo do ano.
Grupos
Os combustíveis foram os maiores vilões da inflação de outubro. A alta de preços chegou a 6,09% e representou o maior impacto para o IPCA do mês, segundo o IBGE. A contribuição foi de 0,30 ponto porcentual, o equivalente a 37% do resultado do índice. Os combustíveis têm um peso de 4,89% no IPCA.
A gasolina ficou 5,05% mais cara em outubro, um impacto de 0,19 ponto porcentual para a taxa de 0,82% do IPCA do período. Os preços aumentaram 6,21% em São Paulo e 6,12% em Curitiba. As menores altas foram no Recife (1,70%) e Vitória (1,72%). A gasolina subiu como reflexo do reajuste de 6% autorizado nas refinarias a partir de 30 de setembro. Nos últimos 12 meses, os preços da gasolina já acumulam uma alta 17,93%.
O aumento do etanol em outubro foi de 12,29%, uma contribuição de 0,10 ponto porcentual no IPCA do mês. Nos últimos doze meses, os preços do litro do etanol aumentaram 16,98%. Goiânia tem a alta mais expressiva, de 24,16%, enquanto Recife tem a menor, de 5,52%.
Já os preços do diesel subiram 3,26% em outubro, refletindo o reajuste de 4% nas refinarias, também a partir de 30 de setembro. Nos últimos doze meses, a alta está em 15,94%.
Efeito dólar
Segundo a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos, a influência do fortalecimento do dólar em relação ao real sobre os preços vem se intensificando, principalmente sobre os alimentos. Neste ano até a véspera, a moeda norte-americana avançou 42%.
“Uma das principais justificativas é a pressão do câmbio sobre insumos, fertilizantes e dos custos agrícolas em geral. O dólar também está atraente para a exportação de alguns produtos como carnes de boi e aves, o que reduz a oferta por aqui”, disse ela.
Fonte: Gazeta do Povo