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Indústria se prepara para segundo ano de retração

Depois de cair 5,9% no primeiro trimestre – a pior taxa desde o terceiro trimestre de 2009, quando recuou 8,1%, sob o efeito da crise econômica internacional –, a indústria brasileira deve registrar em 2015 o segundo ano seguido de retração, apontam especialistas.

No ano passado, a produção industrial ficou negativa em 3,2%. Para este ano, há quem estime queda ainda maior, caso do banco ABC Brasil, que prevê perda de 4%. A LCA Consultores, atualmente com previsão de recuo de 3,5%, já planeja revisar o número diante de um cenário mais negativo.

Dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira (6) mostraram que a produção industrial caiu 0,8% em março, frente a fevereiro, pior que o esperado por analistas. Foi a menor taxa para o mês de março desde 2006, quando a queda foi de 1,3%. Em relação a março de 2014, a queda foi de 3,5%, a maior nessa base de comparação desde 2012.

“Esse resultado de março não aponta ainda nenhuma reação da indústria. São números preliminares, mas projetamos queda de até 3% em abril, na comparação com março”, destaca Rodrigo Nishida, analista da LCA.

Sequência negativa

A indústria brasileira atravessa uma crise que vai muito além dos últimos meses. Março foi o 13º mês consecutivo de queda na produção frente a igual mês do ano anterior. É a maior sequência seguida de taxas negativas nesta comparação de toda a série histórica.

O setor também tem um recorde negativo considerando o cálculo trimestral: a queda de 5,9% foi a quarta seguida, quando se compara igual período do ano anterior. Frente ao trimestre imediatamente anterior, são sete trimestres seguidos de recuo, segundo levantamento feito pelo superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Ibre/FGV, Aloisio Campelo Junior. “O segundo trimestre deve continuar ruim, até pelos ajustes que o setor está precisando promover, como de pessoal, modo de operação e estoques”, analisa Campelo.

Segmentos

O desempenho negativo da indústria foi espalhado em todas as categorias pesquisadas pelo IBGE, mas os segmentos de bens de capital e de bens de consumo duráveis registram perdas mais intensas. A produção de bens de capital – indicador de investimentos – caiu 4,4% frente a fevereiro e de 12,4% em relação a março do ano passado. Já o setor de bens de consumo duráveis teve recuo de 3,1% em relação a fevereiro e de 6,6% frente a março de 2014.

Fonte: Agência O Globo