A recessão não teve efeitos apenas sobre o crédito e a inadimplência. O número de renegociação de dívidas em bancos e financeiras acompanhou o mesmo movimento em 2015.
Conforme o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central, as operações saltaram de 5,6% em dezembro de 2014 para 7,8% no mesmo mês do de 2015.
Segundo profissionais da área, os números demonstram não só uma maior disposição dos consumidores em quitar as dívidas, mas também das instituições para receber o dinheiro de volta.
“As dívidas em atraso geram transtornos para os clientes, que deixam de ter acesso ao crédito. Mas, com o aumento da inadimplência, as instituições financeiras também procuram reaver o crédito emprestado”, diz o economista do Serasa Experian Luiz Rabi.
Em março, o número de pessoas que não conseguiram honrar as dívidas chegou aos 60 milhões, segundo o Serasa.
O número é o maior da série histórica iniciada em 2012. Em paralelo a isso, as provisões – montante guardado pelos bancos e financeiras para cobrir possíveis perdas com falta de pagamento – aumentaram de 4,9% em dezembro de 2014 para 5,8% no mesmo mês do ano passado, aponta o BC.
Já a inadimplência das carteiras de crédito teve uma elevação de 2,7% para 3,4% e a concessão de empréstimos despencou.
A economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), Marcela Kawauti, conta que o consumidor que não conseguiu honrar as dívidas deve adotar uma posição ativa e procurar as instituições financeiras. Entretanto, antes de negociar é preciso fazer um diagnóstico da situação e ter segurança de que conseguirá bancar os novos gastos. “É importante ter um planejamento e olhar para a situação financeira”, afirma.
O rotativo do cartão de crédito é apontado de forma unânime como a principal fonte da inadimplência. Em março, os juros foram novamente os maiores entre todas as linhas disponíveis, com média de 14,72% ao mês.
Para Luiz Rabi, aos consumidores que decidam adquirir um crédito mais barato, a dica é escolher modalidades com parcelas fixas ao mês e não ter vergonha de pedir um desconto às financeiras. “Os bancos estão mais flexíveis na negociação das dívidas do cartão e do cheque especial.”
Bom negócio
O comerciante Roberto Carlos da Silva (foto) aproveitou o momento de maior flexibilidade dos bancos para renegociar uma dívida no cartão de crédito. Ele conta que todo o trâmite foi feito pela internet, no site da instituição. Como resultado, o valor total devido, que estava acima de R$ 2 mil, foi para R$ 900, pagos em uma única parcela. “Eu entrei no site do banco, que fez a proposta. Esse é um bom momento para negociar as dívidas.”
Finanças
As dívidas renegociadas pelos bancos aumentaram em 2015, segundo o Banco Central. O levantamento aponta ainda que as instituições ampliaram as expectativas de perdas com a inadimplência e apertaram as concessões de crédito.
Fonte: Gazeta do Povo