A Governança Corporativa pode parecer algo distante do dia a dia de muitas empresas, mas, na essência, trata-se de algo muito próximo da realidade de qualquer negócio: é o modo como a empresa é conduzida. É delimitar quem decide, como decide e com base em quais valores essas decisões são tomadas. É o conjunto de práticas que organiza o poder dentro da empresa, define responsabilidades e cria caminhos para que as decisões sejam mais justas, transparentes e sustentáveis.
Em simples resumo, são regras ou estruturas que representam uma forma de pensar e agir, em que os interesses da empresa, dos sócios, dos colaboradores e da sociedade caminham na mesma direção. Quando bem aplicada, ela dá estabilidade, fortalece vínculos e garante que o legado construído não dependa apenas de uma pessoa, mas de um propósito compartilhado.
Durante muito tempo, acreditou-se que a governança era um assunto exclusivo das grandes corporações. Hoje, porém, é cada vez mais clara sua importância também para empresas familiares e de médio porte, que buscam se fortalecer, evitar conflitos e garantir uma sucessão tranquila. Em outras palavras, governança é o alicerce da sustentabilidade empresarial.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) desenvolveu uma métrica que ajuda as sociedades a entenderem em que estágio de maturidade estão nesse caminho. Ela funciona como uma régua que mede o quanto a organização já estruturou suas práticas de gestão e tomada de decisão.
- No estágio Embrionário, tudo depende de uma ou poucas pessoas, e as decisões são mais intuitivas.
- No nível Inicial, começam a surgir regras e registros das principais decisões.
- No estágio Básico, a empresa cria espaços formais de discussão, como conselhos ou comitês.
- No nível Sólido, a governança já faz parte da rotina e apoia as decisões estratégicas.
- E, por fim, o estágio Avançado, em que a governança se torna parte da cultura, orientando cada escolha e relacionamento dentro da empresa.
Compreender em que ponto a empresa está é essencial para planejar os próximos passos. Essa autoavaliação mostra onde é possível melhorar, seja definindo papéis e responsabilidades com mais clareza, organizando processos decisórios ou preparando a sucessão de forma estruturada.
É por meio dos fóruns da estrutura de governança, como conselhos e comitês, que o conhecimento e a visão do fundador podem ser perpetuados por gerações. Esses espaços funcionam como uma espécie de mentoria estruturada, em que a experiência acumulada se transforma em aprendizado coletivo. Neles, o que antes estava apenas na memória ou na intuição do fundador passa a ser registrado, debatido e aprimorado pelos sucessores e gestores. Assim, o legado deixa de depender de uma única pessoa e se torna parte viva da cultura empresarial, preservando a essência do negócio e, ao mesmo tempo, permitindo sua evolução.
Contar com profissionais experientes em governança faz toda a diferença nesse processo. Assim como um bom guia ajuda a escalar uma montanha com segurança, esses especialistas, advogados, conselheiros e consultores, trazem uma visão externa, técnica e imparcial. Eles ajudam a identificar riscos, equilibrar interesses e construir um modelo de gestão que resista ao tempo e às mudanças.
Tratamos a Governança como o que ela realmente é: uma jornada. Uma forma de pensar o futuro no presente. Empresas que conhecem seu grau de maturidade e buscam evoluir ganham solidez, reputação e confiança. Afinal, crescer com governança é crescer com consciência, e isso é o que garante que o negócio de hoje continue forte amanhã.
Leticia Rodrigues Coutinho
Dessimoni e Blanco Advogados


