Sindicato do Comércio Atacadista
e Distribuidores do Estado do Paraná

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O pão na chapa, o cafezinho na padaria, o churrasco, os produtos da feira e do supermercado vão pesar mais no bolso do consumidor em função da valorização do dólar ante ao real. O aumento da taxa de juros nos Estados Unidos fez com que os investidores internacionais tirassem seu dinheiro das aplicações no Brasil para aproveitar os juros americano. 

Em três semanas, o preço do trigo, por exemplo, subiu 18%. Como o Brasil importa grande parte do produto comercializado no país, a farinha fica mais cara e assim por diante até o aumento chegar ao pãozinho de cada dia. 

O preço do pão francês em Londrina varia entre R$ 8,95 e R$ 13,95, mas o presidente do Sindpanp (Sindicato das Industrias de Panificação e Confeitaria do Norte do Paraná), Itamar Carlos Ferreira, afirmou que o consumidor pode esperar por reajustes nas próximas semanas. 

O impacto da alta da moeda americana nos insumos da panificação são tantos, que Luiz Antonio Refundini, dono de uma padaria na zona norte, disse que nem sabe mais como calcular os custos. “Não é só a farinha que está subindo. As embalagens, por exemplo, também tem aumentado muito, a goiabada, o leite, o açúçar, tudo. Hoje, estou bancando os custos para não perder cliente”, afirmou Refundini. 

Segundo ele, houve uma queda de 50% no movimento da padaria nos últimos meses. O agricultor Carlos Roberto Pazionatti, 58, costumava ir na padaria até três vezes por semana, está controlando as compras. “Tudo subiu, mas percebi uma alta maior nos derivados de leite. O dólar está atrapalhando, mas acho que essa alta é mais em função do preço do combustível”, comentou o agricultor. 

INFLAÇÃO 
A cesta básica, que teve redução de 0,88% em abril, também sofrerá a influência da alta do dólar nos próximos meses, acredita o economista Marcos Rambalducci, professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná).

“A subida não deve ser imediata, mas cedo ou tarde a indústria e os produtores terão que repassar os custos. Acredito que em três ou quatro meses esse ciclo de aumento terá se completado”, disse Rambalducci. 

Muitos produtos da cesta básica levam em sua composição outros produtos que têm o preço cotado pelo mercado internacional como soja, milho e trigo. “Aumentando os custos de produção é elementar que o preço final para o consumidor também aumentará. Os produtos da cesta básica com maior potencial de sofrer em função deste aspecto são: óleo de soja, farinha de trigo, açúcar e café”, explicou o economista. 

Mesmo produtos que não têm cotação internacional são afetados pelo câmbio. “O Brasil importa 75% de todo o fertilizante que utiliza e muitos medicamentos para o gado de corte e leiteiro. Se um saco de fertilizantes custa US$ 10 e a taxa de câmbio sai de 3 por 1 para 4 por 1, significa que seu custo aumentou em 33% o que vai impactar no preço do produto para o consumidor final. Carne e leite são os produtos em que o impacto pode ser maior”, afirmou. 

O custo de transporte, que tem o combustível cotado no mercado internacional, também influenciará no valor final de produção. “Somente este ano o petróleo subiu 16% e nos últimos 12 meses, 52%”, disse Rambalducci. (Veja matéria o protesto dos caminhoneiros contra o aumento do diesel na página 3). Os preços da banana, da batata e do tomate são os mais suscetíveis a essa flutuação do petróleo. 

“Um dólar valorizado significará impacto inflacionário sobre os preços dos alimentos, de uma maneira ou de outra. O dólar, de janeiro a 20 de maio, subiu 15%. Se toda a valorização do dólar fosse repassada aos preços, somente o preço dos alimentos representará um impacto de 4,2% no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)”. 

Pé no freio com os gastos no exterior 

Com o dólar mais caro os brasileiros terão que refazer o planejamento das viagensinternacionais. O dólar turismo iniciou o mês cotado a R$ 3,77 e chegou a R$ 3,95 na sexta-feira, dia 18. A moeda americana começou a semana com uma pequena queda (R$ 3,89) em espécie. Nos cartões pré-pagos, onde a incidência de IOF (impostos sobre operações financeiras) é 6,38%, estava cotada nesta terça-feira (22) em R$ 4,05. 

“Quem pretendia viajar para a Copa do Mundo ou nas férias de julho já fechou os pacotes. A preocupação agora é com a compra da moeda. A alta vai forçar a redução dos gastos”, analisou Roberta Rinaldi, consultora de viagens da Albatroz Turismo. Algumas alternativas para economizar têm sido mudar a localização e a categoria do hotel, por exemplo. Segundo ela, as multas pesadas para cancelamento de hospedagem e passagem aéreas inibe o volume de desistência dos pacotes. 

Os reflexos da escalada do dólar devem aparecer na venda de pacotes para os feriados de outubro, novembro e fim de ano. “Quem pensava em viajar para o exterior está mudando o país. Deve viajar mais pela América do Sul, onde o peso está mais barato. Aqueles que pretendiam ir aos Estados Unidos para fazer compras também estão revendo o planejamento”, comentou Rinaldi. 

A CVC afirmou que já percebeu uma desaceleração na venda das viagens de internacionais e as companhias aéreas já estão repassando tarifas mais atrativas. Para incentivar as vendas, a agência de turismo aposta em promoções como câmbio reduzido e parcelamentos. Atualmente, 40% dos clientes que viajam de férias com a CVC vão para o exterior. O restante (60%) ficam no Brasil. 

REDUZINDO CUSTOS 
As dicas dos especialistas para reduzir os custos da viagem começam pela definição do destino. Optar por aquele que cabe no bolso, ao invés daquele dos sonhos. Parcelar o pacote no boleto para deixar o cartão de crédito livre para emergências. Levar dinheiro em espécie ou no cartão pré-pago para limita os gastos. Controlar os impulsos consumistas e reduza as compras. 
Escolher pacotes com passeios, seguros viagem, assistência de guia e meia-pensão e pensão completa de alimentação. Assim se evita os gastos extras. Antecipar a viagem em um dia se houver promoções de pacotes e ficar atento às diferenças tarifárias dependendo da data que se deseja viajar, se for de avião, e estudar outros meios de transporte para chegar aos destinos. 

Dono de uma loja de aparelhos celulares e eletrônicos importados, Wagner de Lima, 30, reduziu as compras de produtos no Paraguai por causa do valor do dólar. “Dei uma segurada. Há uns dois ou três meses atrás fazia pedido de R$ 25 mil a R$ 30 mil. Agora, reduzi para uns R$ 18 mil a R$ 20 mil”, contou. Lima também procura diversificar os produtos para atrair a clientela e compensar o reajuste dos preços.

“Quem não fez caixa não vai aguentar com o dólar neste preço. Por exemplo, um aparelho de HTv que custava R$ 650, agora tenho que vender por R$ 780. As vendas também caíram. Antes os celulares não ficavam nem uma semana em exposição. Agora, tem aparelho parado há 60 dias”, disse. Segundo ele, os lojistas paraguaios estão diminuindo o valor das mercadorias para equilibrar as vendas. 
As comerciantes Suelen Fernandes, 24, e Susana Fernandes, 40, buscam mercadorias em São Paulo e estão preocupadas com possíveis reajustes. “Se aumentar o preço vai ficar difícil. Em dez anos com a loja, numa vi uma crise dessas”, disse Susana. A lojista Jucimara Rodrigues, 52, que vende bichos de pelúcia, está trabalhando com o que tinha em estoque para fugir da alta do dólar. 
O setor de bebidas e alimentos importados ainda não sentiu os reflexos da taxa cambial. “Mas essa alta pode diminuir o consumo. Vamos ter que assumir o preço do dólar”, afirmou Leicon Carlos Pereira, vendedor de uma loja de importados no Mercado Shangri-lá. O vinho e o bacalhau são os itens mais suscetíveis e que devem registrar os maiores impactos.

Fonte: Folha d
e Londrina

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